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 A Questão do Mal

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Blender guy
Daniel
Messias
TiagoGSV
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TiagoGSV

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MensagemAssunto: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySáb Set 17, 2011 12:24 pm

Vamos falar de um dos grande problemas da fé e um dos argumentos mais usados pelos ateus para dizer que Deus não existe:

Se Deus é onipotente, porque existe guerras, conflitos e doenças? Como um Deus tão bom pode permitir todas essas atroçidades, tanta miséria?
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Messias

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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySáb Set 17, 2011 2:26 pm

Vou evocar aqui Santo agostinho. Cool

Se não me engano ele diz que o mal em si não existe, tipo assim, o mal não existe como coisa, ele é apenas a ausência do bem.


“Mas de onde vem o mal se Deus é bom e fez todas as criaturas boas?”
“Porventura da matéria que ele [Deus] usou?”
“O Onipotente teria sido impotente para convertê-la [a matéria], de modo que nela não permanecesse mal nenhum?”
“Que onipotência era a sua se não podia criar algo de bom sem o auxilio de matéria não criada por ele?”

é como o exemplo do buraco em uma folha, a folha é um bem, e existe o mal é o buraco na folha que faz mal uso dela, o buraco é o mal, ele não existe o que existe é a folha. Assim como o mal ele não existe, o mal é o não ser aquilo que originalmente foi idealizado para ser. Não sendo aquilo que deveria ser se torna um mal.

uma questão bem complicada mesmo scratch
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Daniel

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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySáb Set 17, 2011 2:59 pm

Bem, o 'X' da questão é formular um argumento, baseado no problema do mal, sem um apelo emocional, que evidencia a inexistência de Deus (pelo menos a inexistência de um Deus bom).

Eu creio que os filósofos ateístas falharam miseravelmente tentanto fazer isso. Nem o simplório Paradoxo de Epicuro, nem os argumentos formulados hoje, se sustentam a uma análise rigorosa de suas premissas.

Filósofos como Alvin Plantinga e William Lane Craig usam o molinismo para refutar o problema do mal. Se você pensar que este é o melhor dos mundos viáveis para Deus criar, concedendo liberdade ao homem, o problema é resolvido.

A única maneira de objetar isso é provando que Deus poderia ter criado um mundo, com menos mal, mas com o mesmo número de salvos. Agora, quem tem de provar isso é quem afirma o problema do mal.

'Taí' uma coisa que eu gostaria de ver. Very Happy
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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySáb Set 17, 2011 4:03 pm

Eu já refleti muito à respeito desse, que eu considero um dos mais difíceis argumentos dos noe-ateus à serem refutados (pelo menos por mim, ficaria muito grato se alguém me ajudasse).

Após muita reflexão, vou pôr aqui as conclusões que eu cheguei:

1-Se Deus, é bondoso, por que permite as guerras?


R: Como já foi dito aqui, ele permite porque o ser humano tem livre arbítrio. Do mesmo jeito que uma pessoa pode escolher traçar um caminho para o bem, esta mesma pessoa pode traçar o caminho do mal.




2-Certo, mas por que o mal existe no coração dos homens? Ele simboliza a ausência de Deus? Mas Deus não era onipresente?


R: Mesmo nas atitudes negativas dos homens, Deus está lá. Ele poderia mudar a situação? Poderia, mas não muda justamente porque é justo. E o justo é que cada ação traga consequências. Se você anda na rua e vê uma criança pedindo esmola ou comida você pode agir de duas formas:

a)- Dando dinheiro para que ela possa se alimentar, logo fazendo o bem à criança.
b)- Recusando-se a dar o dinheiro, não fazendo nada para que a situação mude. Portanto, a situação não deve mudar.

Ou seja, você sabe que se não der ajuda à criança, ela continuará à passar fome. Você sabe o que aconteceria se desse ou negasse ajuda a ela, e, portanto, sabe muito bem como deve agir. Se você preferir ser egoísta, e ficar com o dinheiro para você, isso é uma escolha sua, Deus lhe deu a possibilidade escolher ajudar a criança, e você negou ela. Simples assim, Deus estava lá, lhe mostrando que você PODIA mudar a situação, mas por livre e espontânea vontade você preferiu fingir que não viu nada.




3-A gente viu o lado do homem, nessa história, mas e o lado da criança faminta? Tudo bem, o homem poderia se recusar à dar o dinheiro à criança, mas, se Deus sabe que ela só iria continuar com fome, por que Ele mesmo não ajudou-a?


R: Deus só ajuda o ser humano em casos especiais (lembrem-se que eu posso estar enganado, então qualquer coisa, me corrijam por favor), em casos em que a atitude humana nada pode fazer. Mas nesse caso, a atitude humana podia sim mudar a situação. E qual foi o papel de Deus aí? Permitir que a atitude do homem pudesse mudar a situação. Como já disse, se ele escolheria ajudar ou não, isso era decisão do homem, pois Deus não pode obrigá-lo, por mais que soasse justo, à doar o dinheiro ao pobre. E por quê não podia? Quer dizer, isso ajudaria o pobre certo? Mass aí, a gente sai do amplo do pobre, e volta ao "eu" do homem: seria justo ele fazer algo que não queria? É certo obrigar pessoas à fazerem o que elas não querem? Mesmo que se trate de uma boa ação, não se deve obrigar ninguém à fazer algo contra sua vontade ativamente, enquanto esta pessoa não tirar este direito de outra. Por isso, era errado deixar um ladrão roubar uma senhora, digamos, pois o ladrão, nesse ponto, já violou esse direito que a senhora tinha.




4- Certo, o ladrão nesse caso poderia ser preso. Mas peraí, ele queria ser preso? Ele obviamente não iria querer, então por que é justo ele ser preso se vai contra sua vontade?


R: Ninguém é obrigado a fazer nada ATIVAMENTE contra sua vontade. Mas ser preso seria uma ação PASSIVA do ladrão (eu nunca imaginei que um assunto de gramática me ajudaria tanto, heheheh), ele sofreria essa ação à partir de outros. No caso, os policiais iriam prender o ladrão. Eles sim poderiam escolher não prender o ladrão e deixar o trabalho para os outros. Daí, eles seriam merecidamente demitidos, passando, dessa vez, ao papel de voz da passiva (pelo amor de Deus, se tiver algum erro de gramática no que eu to falando, me concerte Shocked ).




Bem, eu consegui chegar até aí. Mas restaram uns erros nesse pensamento os quais eu reflito até hoje, então se puderem me ajudar:


Na resposta à pergunta nº 4, há um erro: a senhora, ao ser assaltada, também estaria na condição de voz passiva, portanto deveria ser correto ela ser assaltada?

Possível resposta: Não. Embora ela estivesse na condição de voz passiva, o ladrão estaria agindo ATIVAMENTE, é a voz ativa seria sujeita à atitudes erradas. Portanto, a senhora não poderia ser roubada por estar em uma condição passiva; o ladrão que não poderia roubar, por estar realizando uma ação ilegal ativamente.


Parece-me que ficou meio confuso. Como eu disse, esse é um argumento sobre deus ao qual eu reflito comigo até hoje; se alguém encontrar um erro, e, por conseguinte, encontrar uma possível solução para tal erro, ficaria muito grato.

Tenham todos um bom dia, Blender Guy.

cheers cheers cheers cheers cheers cheers




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Emerson
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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySáb Set 17, 2011 4:05 pm

Esta questão tem vários nome, inclusive toca na questão do "dilema de Eutifro". Mas vou fazer vídeos sobre isso. Aguardem.
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MensagemAssunto: Ué...   A Questão do Mal EmptySeg Set 19, 2011 6:34 pm

Minha opinião:

--- pela lógica, segundo informações disponíveis ---

1) O ONIPOTENTE permite a manifestação do mal, pois sendo ELE sabidamente BOM, se não pudesse permitir o mal, ELE teria, obviamente, seu poder limitado, pelo menos, na prática.

-.-"

--- pela fé, segundo informações disponíveis ---

2) Mas "nas primeiras coisas" permitiu o mal, bem como permitirá [por causa da completa JUSTIÇA] sua manifestação até as últimas consequências que, naturalmente, geram: morte e destruição.

2.a) Como o mal já será manifesto até as últimas consequências, depois da sua auto-destruição, jamais poderá ser usado novamente, visto que existiu plenamente, e morreu, pois foi incapaz de perdurar por si mesmo.

3) Por misericórdia, o BOM, permitiu que quem não amasse o mal, nem o escolhesse [antes o aborrecesse dia após dia, após o respectivo arrependimento], permanecesse na vida, conhecendo ou não a morte [dada inúmeras particularidades dos seres, bem como incontáveis regiões circunstanciais povoadas por tais, etc], através de SEU próprio sangue [através da SUA própria vida], dando exemplo, através do MESSIAS.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


é o que eu penso.
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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptyTer Set 20, 2011 11:45 am

Olhem, eu não sou muito bom pra escrever sobre isso, principalmente em um tempo curto, então vou apelar. Apelar pra que? Pro Snowball. Ele tem 3 textos(complementares entre si, leiam os 3) simplesmente excelentes sobre isso:

http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2011/03/14/tcnica-paradoxo-de-epicuroproblema-do-mal/
http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2011/03/16/tcnica-paradoxo-de-epicuroproblema-do-mal-parte-ii/
http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2011/03/17/tcnica-paradoxo-de-epicuroproblema-do-mal-parte-iii-algumas-observaes/

Sobre o uso da interferência divina que tinham citado, é algo que vale a pena comentar... A intercessão divina não é feita simplesmente por algo como um prazer divino, mas acho que isso é assunto para outro tópico.
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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySeg Fev 06, 2012 4:15 pm

Eu não acho a resposta cristã ao problema do mal coerente.... A resposta em geral gira em torno de do livre-arbítrio ou de um suposto "bom uso" que Deus planeja fazer através do mal.

Ora, penso que Deus, sendo onipotente, não tem a necessidade de fazer A para então fazer B, se ele quer fazer B, ele o faz diretamente. Se o mal é o fruto de algo que Deus julga bom (o livre-arbítrio, por exemplo), isso decorre simplesmente da estrutura do mundo como o conhecemos, Deus poderia criar um mundo onde o livre-arbítrio não implicasse no mal. Ele não está sujeito a qualquer regra antes da criação do mundo, mesmo regras matemáticas ou lógicas, como o princípio da não-contradição. Dessa forma, se B existe, deve ser apenas por simples desejo de Deus dessa existência ou de sua possibilidade, ele não tem a necessidade de criar B para fazer outra coisa qualquer que julgue boa.

Dessa forma, ele poderia criar um mundo onde uma mesma figura geométrica pudesse ser um círculo e um quadrado, coisa que é absurda para o nosso mundo, dominado por regras euclidianas... Ou um mundo onde o mal fosse uma impossibilidade física e metafísica. Ora, eu gostaria de sobreviver sem precisar alimentar, mas não posso - eu não poder fazer o que quero por ser impossível não fere meu livre-arbítrio. Com o mal (e/ou o sofrimento) poderia ser algo semelhante.

Colocar Deus como tendo que dar concessões rebaixa-o a uma espécie de deus antropomórfico, pois ainda que seja muito poderoso é limitado, tendo que superar dificuldades... Tal deus de fato não é contraditório com a existência do mal.


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Emerson
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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySáb Fev 25, 2012 7:54 am

Olá, Alkarin, eu estou com trabalho aqui e gostei de sua participação e vou responder mas gostaria de saber se já deixastes tua apresentação no Fórum.
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MensagemAssunto: Re: A Questão do Mal   A Questão do Mal EmptySeg Jul 09, 2012 5:44 am

Opa Emerson, ainda não criei, mas pretendo sim criar um tópico de apresentação. Smile

Quanto à discussão do tópico, no vídeo onde o Emerson discute o paradoxo de Epicuro, eu coloquei de forma resumida as mesmas colocações a respeito do mal. Ele na época respondeu, eu cheguei a escrever uma resposta parcial mas acabei deixando de lado, terminando só hoje após encontrá-la em um arquivo txt. Seguirei com a discussão aqui, pois prefiro usar a plataforma do fórum, e pelo visto apesar do pouco movimento o Emerson e outros usuários continuam frequentando o fórum. Vamos lá:

Emerson, no youtube, escreveu:
A opção de livre-arbítrio libertário é, de longe, a objeção mais comum para o problema lógico do mal. Ele basicamente diz que Deus, tendo decidido criar o homem à sua imagem, dotou a humanidade de uma liberdade da vontade.

Vou propor 4 partes para a solução do Problema do Mal e depois vou detalhar cada uma delas (aqui ou em vídeo):

1. O mal não é uma COISA, uma entidade, um ser. 2. A origem do mal não é o Criador, mas a criatura é livre para escolher o pecado e o egoísmo. 3. A solução de Deus para o problema do mal é o seu Filho Jesus Cristo. 4. O problema filosófico do Mal é inconsistente e contêm falhas lógicas.

Devemos lembrar que Deus não criou o mal. Mas Deus criou tudo, certo? Sim, mas o mal não é uma coisa. O mal é real, mas não? é uma coisa verdadeira. Por exemplo, você pode ter uma perna fraca, mas não é a perna em si que é o mal, mas a fraqueza. A fraqueza (o mal) não é uma coisa, mas uma condição.

Assim, Deus não criou o mal. Ele permite. Lewis explica que "o mal é um parasita, não uma coisa original. Os poderes que? permitem que um homem mau seja efetivamente mau são em si coisas boas: resolução, inteligência, boa aparência, sua própria existência".

Assim, nosso problema é este: Por que um Deus bom e todo poderoso permite o mal? Primeiro, temos de perceber que mesmo sendo um ser onipotente não pode fazer o impossível. CS Lewis observou certa vez que fazer de Deus objeto de uma declaração irracional não a torna verdadeira.

Na verdade, Deus não pode criar um triângulo quadrado, "desfazer o passado" ou fazer uma pedra maior que Ele possa levantar.

Esta é a razão pela qual Deus não pode imediatamente eliminar o mal. Pois, ao mesmo tempo, Ele tornaria impossível atingir outros objetivos que são importantes? para Ele.

1) Você ataca a natureza ontológica do mal, colocando-o como algo negativo. Acho questionável que ele seja negativo, eu colocaria antes o bem e a felicidade como negativos, sendo estados ou situações onde o mal e o sofrimento mostram-se menos presentes ou ausentes - já o mal e o sofrimento, por sua vez, teriam existência positiva e mostrariam-se imediatamente em casos como dor extrema, tragédias, etc. Colocar o mal como negativo para mim é uma espécie de argumento ad hoc justamente para justificar o mal do mundo, mas não seria uma idéia que surgiria naturalmente de uma reflexão independente, que não esteja vinculada ao assunto 'Deus' ou derivados.

Mas mesmo se o mal for algo negativo, não vejo como negar que a forma como ele se dá no mundo é 'real' o bastante para que seja considerado um aspecto imperfeito e trágico do mundo, e o problema desse aspecto estar presente no mundo continuaria quase o mesmo. Atacar sua ontologia não torna a existência no mundo do que entendemos por "mal" algo mais ou menos perturbador - chamar o mal de "ilusão" só muda o nome problema, que torna-se agora a existência de ilusão tão cruel. Arrisco dizer que é como falar que não há problemática com o fato de um sujeito deixar a janela de um hospital aberta, deixando o frio atingir os pacientes, só porque o frio não é uma entidade positiva, sendo ausência de calor. No exemplo que você deu, da perna doente, é igualmente paradoxal a existência, na criação divina, seja da "perna doente", ou da "fraqueza", ou da "ausência de saúde".

2) Você ataca a possibilidade de Deus fazer coisas que entendemos ser impossíveis. Entendo que você então já recua na chamada onipotência de Deus, pois limita Deus, coloca sobre si proibições. Não entendo que um Deus sujeito às regras euclidianas como um Deus onipotente.

Você pode argumentar que essas regras são provenientes de sua própria natureza, não sendo assim limitações (que pressupõe condições externas). Eu diria que tudo bem num primeiro momento, quando refere-se a regras inofensivas como as euclidianas. Mas se essas regras, em conjunto com o que você chamou de "objetivos" (objetivos divinos), fazem surgir o mal como produto inevitável, então essas regras e objetivos, enfim, a própria natureza e existência divina, deixam de serem perfeitas, como também deixam de serem onipotentes (pois não permitem um resultado melhor, gerando efeitos colaterais indesejáveis como o sofrimento). Se Deus tem objetivos que julga importantes, mas que, por serem 'limitadas' pela própria natureza divina a obedecer a regras (lógicas, matemáticas, etc.), fazem surgir o sofrimento e o mal, então Deus é imperfeito no conjunto de seu 'querer' e de sua natureza. Antes fosse um Deus que tivesse a mesma natureza e outros 'objetivos' que não gerassem sofrimento, ou tivesse os mesmos objetivos mas uma natureza melhor apropriada para realizá-los sem envolver o mal e o sofrimento... A separação entre 'objetivos' e 'limitações', aliás, é tênue, o que temos no fundo é um Deus cuja criação é imperfeita - se a imperfeição vem do querer de deus, vêm de suas 'limitações', ou de ambos, acaba pouco importando.

3) Colocar o mal como originário na criatura também não resolve o problema, a meu ver. Deus teria criado o mundo, e nele a criatura, a criatura é parte da criação, então surgir o mal a partir da criatura não muda o fato que o mal surge da criação. O livre-arbítrio também é uma obra de Deus. Se, para alguns teólogos, o livre-arbítrio permite o mal por definição, então Deus continua imperfeito, pois sua criação implica na possibilidade da existência do mal e do sofrimento (que são imperfeitos). Essa mera possibilidade já é um aspecto imperfeito da criação.

Eu acho, porém, que livre-arbítrio não pressupõe mal, é possível imaginar um cenário onde seres exercem seu livre-arbítrio sem escolher o mal. Se alguém exerce o livre-arbítrio entre ser um músico ou um cientista, ele o exerceu sem envolver a possibilidade do mal na história. E, do mesmo jeito que certas opções não são acessíveis ao homem (a possibilidade de viver por mil anos, de ir à Lua quando quiser, etc.), a opção do mal poderia também ser inacessível.
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